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Lucia Helena Sider
Poeta / Prosadora / Autora independente / Contadora de histórias
POESIA
Participação pontual em coletâneas e antologias (2013 a atual)
Em 2024, está selecionado e aguardando classificação mais um poema no Selo OFF Flip (Nós 2 - textos de autoria feminina).
Fotos
Antologias Poéticas
Antologia Parem as máquinas
Selo Off-Flip - 2020
Março... em Marte
Parece que ontem foi há tanto tempo...
Parece até que estamos felizes pelos que já se foram...
Parece que o mundo gira mais rápido a cada instante.
Não quero deixar o pessimismo vingar,
pois ainda tenho muito o que agradecer.
Já vi esse filme de isolamento.
Quando me apeguei aos gatos
e ao bondoso cão pastor Ranger.
Agora falamos a mesma língua...
O mundo todo fala a mesma língua.
Cada um, de sua sacada ou janela,
clama por um mundo melhor.
Mas apenas o mundo de ontem já satisfaria por hora.
Não para por março, só começa.
E que venha a tão esperada imunidade de rebanho.
E que essa porra de COVID-19
tenha o menor impacto possível.
Apostemos nas oportunidades,
na mentalidade de crescimento.
E cuidemos de nossos idosos e de nossos crônicos.
Cuidemos de nós mesmos para começar.
Estou só e este é meu ato de amor.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Sarau Brasil - 2020
Editora Vivara
Das coisas de julho II
Julho das intenções,
julho dos encontros e reencontros.
Julho das ações,
julho do mergulho às profundas raízes do inconsciente.
Julho de redescobrir tudo o que mais importa,
julho de ver claro quem e o quê são descartáveis.
Em julho não fiz loucuras,
em julho igualmente não procurei fazer só o que é certo.
Em julho ressignifiquei o que sou
e confirmei que eu sou só o que eu me permito ser
e isso também reflete no como o mundo me vê.
Em julho fui fútil e fui ouvinte,
em julho mais uma vez me provei corajosa.
Mostro minha determinação no meu corpo todo,
mas também sou determinada no que falo ou faço –
o que mostro, declarado ou não.
Escolhemos fazer, quando o que fazemos é o bem.
Escolhemos silenciar, quando nos percebemos falando palavras vazias.
Em julho mais uma vez perdoei e TUDO isso fez valer o mês.
Mas julho foi ainda mais, pois redescobri a minha essência.
Agosto, setembro... vejam só a responsabilidade...
A essência não reside na imagem,
nas habilidades, nem mesmo no senso de bom humor.
A essência está na dignidade, na gentileza e no compartilhar.
E foi assim que mais uma vez me reencontrei...
Que daqui em diante eu não confunda mais as coisas.
E se porventura confundir,
que o Universo me traga novamente às redescobertas.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Poetize - 2020
Vivara Editora Nacional
A profissão
Eu professo, eu sou, eu me acho.
Um dia me encontrei com surpresa
e no outro estou ajudando os outros
a descobrir o que professar.
Eu sei. Eu conheço meu interior.
Eu professo, professora do meu eu
- talvez um eu maxi-coletivo,
caso eu consiga passar a paixão
que um dia me foi professada
por professores apaixonados,
idealistas e em eterna continuidade
de busca do saber pleno
nunca, nunca saciado.
Eu sou, eu serei, eu sempre soube.
Eu amo todos os desvios
e todas as linhas retas
do meu caminho.
Nenhuma ortogonal sem intersecção.
Eu reconheço o caminho,
mesmo em momentos de escuridão
e desespero - o medo que cega
em nós a realidade.
A realidade do meu ser cientista,
do meu ser traços de música, poesia,
da minha maneira de ser
metodológica, musical e poética.
A realidade (é) do meu bom humor.
Eu sou, eu serei, eu sempre soube.
Minha astronomia, minha neurociência,
A epigenética da contramão
é a mão guia dos quebra-cabeças
em duas, três, quatro dimensões.
Eu sou a bola de volley ou de handball
jogada só ou entre amigos-muito.
Eu sou a bicicleta nos quarteirões,
salvo o desequilíbrio químico.
Eu sou os traços de familia e
as marcas das minhas amizades
escolhidas e escolhedoras de mim.
Sou o amor que veio na hora certa
e as paixões que se perderam no ar.
Eu sou o que vier e ficar.
Eu sou o que passou e volta em sonho.
Eu sou tudo o que a retina gravou.
Eu sou a dissonância que emocionou.
Eu sou, eu serei, eu sempre soube.
Concurso Nacional Novos Poetas
Sarau Brasil - 2019
Vivara Editora Nacional
Retro-adamantium
(Primeiro grau da morte)
Quebrou-se o prego.
Onde está o vergão?
Quebrou-se o encanto.
Agora eu sei
e agora dói mais do que nunca.
A dor que sufoca os medos por uns instantes…
Tudo é nunca
e nunca é uma palavra sem sentido,
embora tão sentida.
Volta a fita de onde parou.
Volta logo, porra!
Mas onde foi mesmo que se deu a virada?
Foda-se! Merda! Caralho!
Não estou nem fodendo, entendeu?
Nem fodendo.
Quebra tudo e me deixa intacto!
Intacto-wolverine.
O mundo gira rápido querendo me ejetar…
Me pega pai, mãe, tio!
Me pega de volta… alguém?
Meu amor, por que estás tão cansada?
Quem vem brincar sem bola?
Tenho medo do esconde-esconde…
de ninguém me achar ou guardar meu caixão...
Uma bola, quem tem?
Vamos brincar na rua
até a bola cair na casa da bruxa.
Esse é o limite da decência da vida.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Poetize - 2019
Vivara Editora Nacional
Caminhos retos e torturosos
Ate agora sou dor, sou vaidade, sou desejo.
Quero em outros o que é impossível em mim.
Retorno meu caminho em buscar o vazio,
o óbvio e o de aparente pouco valor.
Ser feliz é o caminho mais que o topo,
a alienação da busca, a retirada
do sucesso do outro da equação.
Se eu fosse ligar e policiar tudo o que está errado,
afogaria de morte aquilo que resta de bom em mim.
Meu coração não lida bem com a morte,
mas meu luto me permite escolhas.
Ainda não sei como agir.
Estou paralisada pela dor,
envergonhada de toda vaidade,
insuficiente no realizar do desejo.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Poesia Livre - 2019
Vivara Editora Nacional
Saber antes de agir
(Setembro atípico)
A manhã aqui parece tão triste.
Raios de sol tímidos, perseguidos
por nuvens elétricas.
Estática.
Falta de notícia é notícia boa,
pelo menos no que tange
às mães zelosas
e aos irmãos em culpa.
Trovões! - que meu sono entorpecido
nos outros dias encobriu:
me deixaram sem parâmetro, sem entender.
Chuva lascada, melancólica - hoje.
Tomo nota deste dia.
O avião me leva para onde deve levar.
No sonho, ele sobe e desce,
mas nunca segue em voo de cruzeiro.
Sonhos repetitivamente reprimidos.
Não tenho pressa nem leseira,
que são artefatos de relógios
e seus dependentes.
Tudo para ser resolvido em vida,
se houver esta lasca de tempo.
Na dúvida entre vida e morte,
eu facilmente seguiria meus pais
- por isso, me vi em perigo.
Com sorte, ele barganha por perdoar
e ser perdoado.
Mas isso é coisa minha -
recém portal de moribundos,
sempre atormentada pelo !devo algo".
Catarse.
Morfose.
Provavelmente, ele só quer viver mais.
Acertos tornam a brevidade incômoda.
Sabe-se lá se a gatinha Bianca me perdoou
pela fome aos domingos.
A culpa ainda não me fez uma pessoa melhor.
Deve ser porque a culpa não se apaga
com um lapso de memória,
mas se redefine com escolha e atitude.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Poetize - 2018
Vivara Editora Nacional
Protegidos
Eu sei que é por aí.
Verdade absoluta, inacessível...
Encontro melhor a minha verdade
e rio ou contesto a dos outros.
A minha verdade de hoje
não é a mesma de dois dias atrás.
Mas a percepção da verdade de ontem
transformou a realidade
que é tão sutil como a verdade.
Só quero dizer que eu entendi errado
a tua verdade oculta.
Por isso sou fã irrestrita da transparência,
(mesmo que eu use fumê nos vidros do carro
para não me ofuscar pelo óbvio solar).
Vamos brincar com nossas vero-realidades
E eu não mais adivinharei sem referências.
Quero proteção e prosperidade para todos nós.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
CNNP - 2018
Vivara Editora Nacional
Números perfeitos
Desde sempre,
que no momento percebido,
valeu tudo o que fomos:
separados
até então.
Percebi que
amor não é apego,]
amor é ficar... mesmo visto,
em liberdade.
É amar a sedução do outro
(sem perigo).
Repentino calor:
colocar você em destaque!
Você me vê maior
do que sou,
do que fui antes de você,
antes de nosso eu coletivo.
Amor, antes de recuperar,
é "amor - criar vestígios
de felicidade".
Desde sempre seduzida
(círculo infinito).
Nos amamos sempre
com picos de paixão
e sustento compaixonar...
Hora: adverte!
Carta amorosa recorrente,
longa caminhada infinitesimal.
Perfeito conhecer e antecipar.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Sarau Brasil - 2018
Vivara Editora Nacional
Lunáticos confundidos por fatos reais
(170518 para NdGT)
Linda lua,
embora decantada
em crescente luar.
Face refletida
seguida por Vênus.
Um drone - espião
de tudo aquilo
que eu planejei e não fiz.
Covardia do diferente.
Serei igual,
de tal brutalidade
em negar-se o valor
de uma vida?
(de não apenas um
marimbondo budista?).
Miolos no chão
não identificados...
Passaram por cima sem culpa...
A face inconveniente
da falta que faz um andarilho...
(renunciante locomotor
e bravo marimbondo budista),
perdido nas estradas
recapeadas só em
tempos de propina...
Me avisa: cuidado!
Vai! Se apoie em Vênus
e vejas quantos lembram de ti:
Referência.
Aguardo confirmação em agonia.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Poesia Livre - 2018
Vivara Editora Nacional
Bem-aventurança
Como se fosse uma ideia fixa com efeito apagão,
minha cabeça ainda é cheia da imagem do que procurava.
Mesmo assim, quando vi, duvidei.
Se não tivesse que arrumar, eu não teria achado.
Se eu não tivesse que achar, eu não teria arrumado.
Boa sorte a todos os que são pacientes
e que não se desesperam frente a pressa dos caminhões!
Boa sorte aos que mastigam quarenta vezes!
Boa sorte à bem-vinda economia,
ao pensar quarenta vezes
e ao nunca descuidar da gramática.
Testei as decisões rápidas,
mas não tenho pressa alguma
- diz a calma Perfeição.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Poetize - 2017
Vivara Editora Nacional
Ante facto
(Não há mais estágios depois)
É céptica,
mas já não sabe o que é real.
Psicótica. Talvez paranoide.
Será que só ela vê?
Não pergunta, pois tem receio,
vergonha dos outros perceberem
que ela não está bem.
Pressentimento talvez
ou premonição.
Lembra muito alguém,
por isso se assusta, se impressiona.
Toma seu medicamento e espera.
Deveria falar, será?
Não entende dessas coisas,
embora esteja envolvida
até as tampas.
Calma, os fantasmas se dissolvem pelo mato
ao redor da estrada por onde andaram.
Mas ela fica com todos os pés atrás.
Pede notícias para se certificar
que tudo está bem.
Ninguém soube o que seria
a perda parcial da sua sanidade.
Normal para todos os efeitos,
só um pouco nervosa.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
CNNP - 2016
Vivara Editora Nacional
O dia seguinte e primeiro de um ciclo
Leseira.
Fluxo contínuo.
Dor aqui, acolá.
Baixo raciocínio.
Pouca produção.
É ver o tempo passar
e não fazer nada.
Listas?
Nem as listas passam.
Pega um chá,
assiste ele esfriar.
A cabeça está sobre
o pescoço, mas está
em sono profundo também.
Olhos abertos e perdidos.
O que há contigo hoje?
Leseira:
hoje a menstruação
me deixou lesa.
E eu assisto, passando,
até terminar.
Tem vez que me deixa elétrica.
Tem? tem... mas não deixou.
E não fale alto, por favor!
Que embora esteja lesa,
eu estou feliz!
Satisfeita como nunca,
em dia, plena, corrigida.
Só lembrando de ontem
e de você.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Sarau Brasil - 2016
Vivara Editora Nacional
Entrelinhas aéreas
Cá estou novamente,
meu tão querido,
a voar pelos céus para te ver.
Quer tanto a minha mente,
o meu coração sofrido,
te amar, te cuidar, enfim te ter.
Sobre o céu baiano passo,
Lembro bem meu amor daqui:
das suas histórias, do seu traço
gravado em mim desde que te conheci.
Te amo por tudo.
Te amo com tudo.
Aceito qual for nossa condição.
Me aceite de braço aberto,
Braço largo, desperto...
Me aceite com todo o presente
e sejamos uma só intenção.
Sou tão feliz, que cada ideia
em ti ganha incentivo.
Sou tão feliz, que apascentas
todo o meu mal estar.
Ideia tosca não perdura.
Você diz as coisas certas
e eu volto a ser feliz,
como quando te conheci,
como quando te revejo
e o meu desejo
é saciado por ti.
Eu odeio dizer isso...
mas você é meu amigo!
(Odeio e não repito:
você sabe que eu
não quero parar nisso).
Quero ser tua menina,
tua amante, tua mulher.
Quero ser quem eu quiser
ao teu lado enquanto puder.
Lucia Helena Sider
II Coletânea
Viagem pela Escrita
PoeArt Editora, 2016
Poesia selecionada
Explicação
Se escrevo, não é para agradar.
Se achou isso, estás muito enganado!
Meu escrever é um todo desabafar.
Escrevo com o coração quebrantado.
Busco íntimo a raiz das ideias.
Morde súbito o sabor da intuição.
Descrevo logo toda a minha epopeia,
estremecendo tal qual premonição.
Hoje me alegra, amanhã me angustia.
Compasso perfeito, o verso sincero,
toma o lugar das tantas confusões.
Trago em mim a história, a nostalgia,
ou então brindar o momento eu quero.
Escrevo só para os meus botões.
Lucia Helena Sider
Vozes de Aço
XVIII Antologia Poética de Diversos Autores
PoeArt Editora, 2016
Poesia selecionada
Grude
(Assédio)
Quem é carente
quer estar por perto,
quer invadir espaços,
quer infernizar.
Pois seja gente!
Isso não é certo.
Nós não temos laços
pra você grudar.
Não te dei indício,
nem dei confiança.
O que foi que eu fiz
pra isso merecer?
Arranca no início!
Não dá esperança!
Jamais te quis.
Boto pra correr!
Lucia Helena Sider
VI Coletânea Século XXI
PoeArt Editora, 2016
Poesia selecionada
Espelho
Bom dia! Vem, meu amor!
Já raia o dia com o calor
que hoje emana dos amantes.
Antes éramos errantes,
hoje eu me encontro em ti.
Você diz: “também”, e sorri.
Vivamos hoje a alegria da vida,
que muito embora às vezes sofrida,
nos faz olhar pra nosso interior:
Eu me vejo em você, meu amor!
Vem dançar comigo esta canção,
meu bálsamo, minha redenção!
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Poetize - 2016
Vivara Editora Nacional
Acidente natural de Natal
Acordei e a árvore estava no chão.
Teria sido o vento ou um tsunami?
Dizem que o gato sempre volta
à cena do crime...
E lá estava ela: a Filó,
que há poucos dias
posava com aura de santa (...)
A Filó ainda brinca com as bolinhas:
“Divertido, mamãe, olha só!
Aqui ficou bem melhor
que lá no cantinho...”
E a árvore segue espalhada
pelo caminho.
Lucia Helena Sider
Vozes de Aço
XVII Antologia Poética de Vários Autores
PoeArt Editora, 2015
Poesia Selecionada
Quarenta e três
Em abril comecei a viver o momento,
esta foi a minha disposição.
Renovo meu ar a cada instante.
Respiro, vivo, até a exaustão.
Sou inquieta por própria natureza.
Anseio pelos dias na minha frente.
Sou como a ave recém liberta:
voo tão alto e tão contente.
Maio, venha, seja bem-vindo!
Traga o que trouxer, traga já!
Não temo o futuro, nem meu passado,
só a estagnação, essa coisa má.
Consigo traga uma nova etapa,
e abril, que leve todos os males!
Que eu respire, que eu viva,
que eu explore novos lugares...
Maio, maio, sempre a mudança.
É natural que eu pense assim.
Mais um ano que se renova,
mais um mês que chega ao fim.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Poesia Livre - 2015
Vivara Editora Nacional
Carpe diem
(Encontro)
Hoje, do amanhã cada vez mais perto,
hoje sigo um passo em sua direção.
O amanhã é já tão certo
e traz alegria ao meu coração.
O amanhã se faz hoje e se vê claro como o dia.
Não resista, renda-se por completo!
Viva o amanhã como se fosse hoje
e não deixes apagar a intenção.
Essa chama é fogo aberto
e brilha em teus olhos certos.
É como espelho para a minha alma,
meu ser, minha emoção.
Minha alma alegre de ti.
Eterno hoje alegre enfim..
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Poetize - 2015
Vivara Editora Nacional
Poente
Não me arrependo do que fiz,
mas daquilo que deixei de fazer.
Estar longe é simplesmente não estar.
Não agi assim porque quis,
mas porque não tinha mais o que dizer.
Estar perto é para quem o pode suportar.
Voa longe a memória presente,
vive o viver de um outrora.
Este é o crepúsculo, este é o poente.
despede por bem do que vai embora.
Quem vai dizer que não é certo?
Se bom é o alívio, boa é a dignidade?
Melhor que o impossível estar perto.
Os deixo e vou viver em outra cidade.
Não importa mais o que eu fiz,
pois ainda deixei muito por fazer.
Estar longe é simplesmente falhar.
Não agi assim porque quis,
mas porque precisava viver.
Estar longe para poder trabalhar.
Voa longe a alegria recente,
vive o momento de um outrora.
Este é o crepúsculo, este é o poente.
Despede por bem do que vai embora.
Quem vai dizer que não é certo?
Se bom é o alivio, boa é a dignidade?
Melhor que o impossível estar perto.
Os deixo e vivo só pela metade.
Vivo só e pela metade.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Sarau Brasil - 2014
Vivara Editora Nacional
Soneto com um adendo e com uma lição
Fevereiro, você não ouviu o que eu disse?
Não me trouxe flores ou boas novas?
Me trouxe pesar e preocupação,
me trouxe tão duras provas.
Março não vem para melhorar.
Não vem e disso já me convenci.
A felicidade não está mais no futuro.
A felicidade está no momento em si.
Aproveite-se o momento,
que é raro e que é efêmero,
absorva dele o seu melhor.
Não pense no tormento,
não valorize o gênero.
Absolva-se e lute com o pior.
E no mais, aprenda a cercar-se do que é positivo.
Não agradamos a todos e nem todos nos agradam.
Não sinta rancor e procure não sentir nada
até que esta nuvem negra se dissipe.
Tinha tanta coisa para dizer,
mas meus olhos estão cegos,
minha mente adormecida
e não raro chove por aqui.
Lucia Helena Sider
Concurso Nacional Novos Poetas
Rima Rara - 2013
Vivara Editora Nacional
Soneto para uma pequena tristeza
Hoje o meu retrato é de enfado e de tristeza.
Isso passa, eu sei, pois amanhã é outro dia.
É tão difícil enxergar da vida a beleza
quando tudo é assim imerso em tanta agonia.
Vem destino, vem carrega todo o meu sofrer,
manda pra bem longe, traz de volta o meu sorrir.
O que vejo agora e eu gostaria de entender:
O que fez você que não me impediu de partir?
E os pássaros por aqui continuam passando,
mas agora esse aqui é um lugar bem diferente.
Os amores são outros, mas eu amo alguém.
Nem os cães latem mais tristonhos, nem mesmo quando
eu me vejo em crises ou eu me vejo carente.
Melhora, eu sei, o amanhã traz surpresas do bem.
Lucia Helena Sider
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